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fzera no topo de sua torre [em Paris]... O Martinelli impressionava não só pelas dimensões como pela rica ornamentação e luxuoso acabamento: portas de pinho de Riga, escadas de mármore de Carrara, vi-dros, espelhos e papéis de parede belgas, louça sanitária inglesa, elevadores suíços – tudo o que havia de melhor na época; pa-redes das escadas revestidas de marmorite, pintura a óleo nas salas a partir do 20º an-dar, 40 quilômetros de molduras de gesso em arabescos. O prédio possuia reentrân-cias, comuns nos hotéis norte-americanos da época, para ventilação e iluminação, e apresenta as três divisões básicas da ar-quitetura clássica: embasamento, corpo e coroamento. O embasamento é revestido de granito vermelho; no coroamento, falsa mansarda de ardósia. O corpo é pintado em três tons de rosa e recoberto de massa cor-de-rosa, uma mistura de vidro moído, cristal de rocha, areias muito puras e pó-de-mica, que fazia a fachada cintilar à noi-te. O revestimento tem três tons de rosa. O Martinelli inspirou Oswald de Andrade a chamar pejorativamente São Paulo de “ci-dade bolo de noiva”. Mesmo antes de sua conclusão o prédio já havia se tornado um símbolo e ícone de São Paulo – em 1931

o inventor do rádio, Guglielmo Marconi, visitou a cidade e foi levado até o topo do edifício. Quando o Zeppelin sobrevoou a cidade em 1933, deu uma volta em torno do Martinelli.”³

O curioso deste edifício foi a cons-trução da própria residência de Giuseppe Martinelli nos últimos 5 andares; segundo contam os curiosos isso teve duas fnalida-des: alcançar os 30 andares sonhados por Martinelli e, também, para provar que ape-sar das dimensões grandiosas do edifício, o prédio não cairia.

Se a I Guerra Mundial não afetou diretamente o desenvolvimento da cidade, a II Grande Guerra, fez até o contrário: fortalece a indústria alimentícia e têxtil paulista e de duas maneiras diferentes. Durante a guerra, as empresas americanas e européias dedicavam-se com muita in-tensidade a suprir as demandas da guerra, abrindo oportunidade para outras locali-dades suprirem a demanda negligenciada. E, posteriormente, cessada a guerra, essas mesmas empresas passaram a voltar seus olhos para outros mercados potenciais, en-tre eles o do Brasil, mais especifcamente, o de São Paulo.

Assim, no começo do século XX, anos 20 e 30, São Paulo já dava sinais de que seria uma grandemetrópole.Averticalização da cidade já é uma tendência e em alguns ca-sos até uma obrigação. A própria legislação municipal passou a dar obrigatoriedade às construções das ruas Xavier de Toledo, Sete de Abril, Conselheiro Crispiniano e Vinte e Quatro de Maio para terem mínimo de 10 andares. Em 1934, o Ato 663 considerou al-gumas partes da cidade como sendo de uso exclusivamente residencial. Era a Primeira Lei de Zoneamento da cidade.

Na década de 50, com Juscelino Kubistchek na presidência, surge o Plano de Metas, que faria o país “crescer 50 anos em 5”. Estava “pavimentada” a entrada de empresas estrangeiras no país, e a conso-lidação da indústria automobilística. Sur-gem as primeiras rodovias estaduais como Anchieta, Anhanguera e Dutra.

Nesta mesma época, o comércio do centro, então voltado à alta sociedade, intensifca sua migração para outras partes da cidade, principalmente nas regiões mais ao sul, alcançando seu pico na década de 60. Isso aconteceu porque nos anos 20 e 30, São Paulo já dava sinais de que seria uma grande metrópole e a divisão das fnalida-des que cada região da cidade começava a dar à capital algumas das características que ela teria até hoje, entre ela a consolidação da região do Bom Retiro e Brás como loca-lidades industriais, ao passo que mais para a zona sudoeste, como Paulista e Jardim

³ Infelizmente o prédio começou a apresentar sérios problemas após sua confscação pelo governo brasileiro, após a II Guerra Mundial. Com o passar do tempo, o elegante prédio foi reduzido a um grande cortiço. Somente na década de 70, com a administração da prefeitura de São Paulo nas mãos de Olavo Setubal é que o prédio foi reformado e reinaugurado, em 1979, quando assumiu a forma que tem hoje, ocupado basicamente por repartições públicas como a COHAB e Emurb.

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