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A

construção civil é uma das atividades econômicas que mais recursos naturais emprega, quer em sua execução, quer na uti-lização e manutenção ao longo de sua extensa vida útil. O impacto ambiental desse setor produtivo é expressivo em termos mundiais. Conforme pesquisa divulgada pelo U.S. Green Buil-ding Council, 65,2% de toda energia elétrica consumida, 30% dos ga-ses do efeito estufa, 12% do consumo de água, 40% da matéria-prima retirada da natureza e 136 milhões de toneladas de entulho, anuais, são decorrentes apenas da construção e utilização de edifcações comerciais e residenciais nos Estados Unidos.

A relevância desses números e a crise ambiental global im-põem que a indústria da construção civil estabeleça, urgentemente, me-tas e estratégias para minimizar os impactos negativos de suas ativida-des.

Alguns governos, agentes fnanceiros e o construbusiness têm sido lentos em suas respostas aos desafos do desenvolvimento sustentá-vel. A fragilidade das políticas públicas brasileiras para o setor, a lógica do menor custo e lucro imediato, em detrimento da avaliação econômica de todo o ciclo de vida das construções, a falta de normas e mecanismos de mensuração, o despreparo tecnológico dos agentes produtores e a de-sinformação dos consumidores, são, entre outros, os principais respon-sáveis pela defasagem do mercado imobiliário brasileiro com relação às iniciativas e ações praticadas em outros países, no campo da construção sustentável.

Consumidores podem distinguir e comparar diversas carac-terísticas nos produtos imobiliários que pretendem adquirir ou locar, entretanto, alguns desses atributos não são tangíveis, em especial os as-pectos relacionados à sustentabilidade sócio-ambiental. Os benefícios da ocupação de um espaço sustentável, ou de menor impacto ambiental, ainda não são claros a todos os agentes da cadeia de produção da indús-tria imobiliária e à sociedade de uma forma geral, o que inibe a infuên-cia dessa sobre aqueles.

Nesse sentido, os sistemas de certifcação destinados a avaliar

o impacto ambiental das edifcações, também chamados de “selos ver-des”, são ferramentas essenciais à construção de um mercado imobiliá-rio alinhado com as necessidades ambientais da sociedade.

As certifcações, de forma geral, buscam eliminar as assime-trias de informação quanto ao grau de efciência das medidas adotadas nas edifcações, em prol da redução de seu impacto ambiental, relativa-mente ao projeto, construção, operação e manutenção das mesmas. A despeito da relevância de seus objetivos gerais, a implanta-ção de dezenas de milhares de metros quadrados já certifcados em mais de uma centena de países e a diversidade de metodologias empregadas para a avaliação ambiental desses edifícios, a adoção, em larga escala, dessas ferramentas, indicam a necessidade de superação de muitos obs-táculos. Cinco são os desafos que devem ser superados e vencidos. O primeiro deles é o atendimento às questões de re-gionalização dos sistemas de certifcação, adequados à realidade sócio-econômica e cultural de cada país e de seus aspectos físicos e climáticos. Desta maneira, um sistema de certifcação ambiental que responda às necessidades, por exemplo, dos países nórdicos, deverá ser muito distin-to daquele a ser empregado na região amazônica. Num primeiro instante, é aceitável a adaptação ou a tropicalização das ferramentas existentes, criadas em países como Inglaterra, França e Estados Unidos, entretanto, torna-se claro que estudos devem ser aprofundados visando à criação de uma certifcação que comporte as diversas realidades brasileiras e sua inserção no âmbito global.

A segunda questão envolve a aceitação internacional e a pos-sibilidade de comparação entre a certifcação de cada território e as de-mais metodologias existentes, ou seja, a garantia de análise da equiva-lência internacional entre os critérios estabelecidos, mesmo que apenas do ponto de vista ambiental e dos níveis de efciência das construções, permitindo que se possa avaliar comparativamente os selos regionais, de forma contextualizada.

O terceiro desafo é tecnológico, na formação de prestadores de serviços e da constituição de um parque industrial adaptado às de-

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